O sultão de Brunei anunciou recentemente uma nova lei, baseada em
punições criminais islâmicos, que vem sendo criticada por funcionários
da ONU e representantes de outros grupos de direitos humanos.
Brunei é um pequeno país, de pouco mais de 420 mil habitantes,
situado no sudeste da Ásia, e já vem praticando as leis islâmicas para
regular assuntos civis, como as questões pessoais e familiares; mas
agora as leis serão estendidas para cobrir infracções penais.
As novas penalidades da lei islâmica serão introduzidas ao longo do
tempo, em um ou dois anos, e acabarão por incluir punições corporais
graves, tais como: flagelação por adultério, amputação de membros por
roubo, e apedrejamento até a morte por estupro e sodomia.
A primeira fase inclui leis por crimes como comer ou beber em público
durante o mês de jejum do islã, que serão puníveis com multas e prisão.
Leis que também se aplicam aos não-muçulmanos.
Em fevereiro, os especialistas em lei sharia do Ministério de
Assuntos Religiosos anunciaram que os não-muçulmanos podem ser punidos
por crimes como usar roupas indecentes que “envergonham o Islã”. O
infrator pode ser preso por até seis meses, multado em até BN 2.000 (1,6
mil dólares), ou ambos.
Mesmo agora, é obrigatório para as mulheres de todas as religiões,
incluindo cristãs usar um hijab (cobertura para a cabeça), se elas
trabalham para o governo ou estão freqüentando locais públicos. No
entanto, agora que o código penal baseado na sharia será promulgado, uma
violação contra estas instruções religiosas serão criminalizadas.
O novo código penal cita também que os não-muçulmanos não podem mais
compartilhar sua fé com muçulmanos e ateus. Os infratores correm o risco
de ser multados em até BN 20.000 ($ 15.600), enviados para a prisão por
até cinco anos, ou ambos. Essa regra cris um grande problema para as
poucas escolas cristãs do país.
Outra restrição inclui uma lei que proíbe qualquer pai muçulmano de
deixar não-muçulmanos cuidarem de seu filho. O ato é punível com uma
pena de prisão de até cinco anos, uma multa de até BN 20.000 (15.600
dólares americanos), ou ambos.
Consequentemente, as pessoas que se convertem ao cristianismom pode perder a custódia de seu filho se sua nova fé for revelada.
- Todos os direitos dos pais são concedidos ao pai muçulmano, se uma
criança nasce com os pais de fés diferentes, e os pais não-muçulmano não
é reconhecido em qualquer documento oficial, incluindo certidão de
nascimento da criança – criticou o Departamento de Estado dos EUA no
Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa.
A implantação da lei tem sido vista com o um retrocesso por
defensores dos direitos humanos, que afirmam de tratar de “punições
medievais”, incompatíveis com o mundo moderno.
- A decisão de Brunei em implementar a lei sharia criminal é um
enorme retrocesso para os direitos humanos no país. Constitui um
movimento autoritário para implantar punições medievais brutais que não
têm lugar no mundo moderno, do século 21, afirmou Phil Robertson,
vice-diretor do divisão da Ásia da Human Rights Watch.